Nesta pequena epístola do Apóstolo Paulo, aprendemos grandes lições de vida da parte do Espírito Santo. Observamos a generosidade, o desprendimento, o altruísmo, a sensibilidade e, sobretudo, o ardor missionário do Apóstolo, mesmo estando privado de sua liberdade, em Roma. Paulo esquece de si mesmo, se descentraliza, para focar num homem sem nenhuma expressividade social, um simples escravo, Onesimo, mas uma alma preciosa.
Na visão cristã de vida, as pessoas não são valoradas por critérios humanos, egoístas e carnais, mas são enxergadas e avaliadas a partir de uma perspectiva celestial, ou seja, buscamos vê-las como Deus as vê, sob a perspectiva do Calvário e sempre buscando atender a maior demanda de suas vidas: a salvação de suas almas em Cristo, não importando quem elas sejam socialmente, nobres ou plebeias, negras ou brancas, ricas ou pobres, cultas ou incultas.
Do ponto de vista de Deus, o importante mesmo é que o pecador seja remido em Cristo, não importando o que ele seja ou represente no mundo e Paulo absorvera e encarnara bem esta perspectiva em sua vida e ministério, e nós bem faremos se imitarmos seu exemplo. Amar as almas incondicionalmente, deve ser a meta ministerial de todo cristão-missionário. Observemos, por exemplo, o tratamento de Paulo ao referir-se a Onesimo, agora seu filho na fé: _ Peço-te por meu filho Onesimo, que gerei nas minhas prisões. O qual noutro tempo te foi inútil, mas agora é muito útil a ti e a mim. Eu tornei a envia-lo a ti. E tu, torna a recebê-lo como ao meu coração. (Vs 10-12) Fantástico!
Paulo não estava ganhando nenhuma vantagem material ou social ao advogar a causa do escravo fugitivo junto ao seu senhor, a não ser a satisfação de ver Cristo sendo glorificado em mais uma alma remida do poder do pecado, da desonra e da vergonha, e isto para Paulo era altamente gratificante. É notável como Paulo demonstrara um amor e ternura tão sublimes por um simples escravo que ele acabara de conhecer, mas com o qual se identificara ao ponto de pedir a Filemon: _ E tu, torna a recebê-lo como ao meu coração (V.12) Ou seja, como a mim mesmo.
Paulo faz uso da liberdade e intimidade que tinha junto ao seu amigo e irmão em Cristo, Filemon, para acertar a situação de conflito entre um escravo fugitivo e seu senhor. Paulo não olhava para Onesimo como um escravo fugitivo, mas como, agora, um amado irmão em Cristo. Que amor! Que ternura! Que doçura! Que humildade! Somente o Espírito Santo pode produzir em nós tão nobres qualidades de caráter; uma vez que não é natural do ser humano egoísta e mesquinho amar as pessoas desta maneira. O Apóstolo verdadeiramente fora transformado pelo poder do Cristo glorificado e, agora, refletia o caráter de seu Mestre, fazendo em cada ocasião o que seu Mestre faria se estivesse em seu lugar. Glórias a Deus!
_ Já não como servo; pelo contrário, mais do que servo, como irmão amado...(V.16)
Assim devemos olhar uns para os outros na família de Deus. Não se trata apenas do irmão ou irmã pobre ou rico, culto ou inculto, negro, branco ou pardo, com grande status social ou um simples operário, enfim... Devemos olhar uns para os outros e ver a face de Jesus Cristo; Entender que somos um em Cristo Jesus e que ele derramou seu precioso sangue por cada um de nós e que, portanto, somos conservos e co-herdeiros com Cristo. Ver que lutamos pela mesma bandeira, a "bandeira do santo evangelho"; Ver que perante o Pai somos todos iguais, embora tenhamos responsabilidades diferentes; Ver que sorrimos e nos regozijamos, sofremos e gememos juntos, enquanto ainda estamos ausentes do nosso verdadeiro lar. Ver que tudo já está preparado para nosso gozo e paz infindos naquele País de delícias, na presença do Ressurreto, eternamente. De membro a pastor, todos vamos morar lá, se tão somente aprendermos a viver e agir na perspectiva certa, a perspectiva de Cristo.
_ E se te fez algum dano ou te deve alguma coisa, põe isso na minha conta. (V.18)
Que o nosso maior objetivo enquanto convivemos, diariamente, na família de Deus, seja o de não pormos no caminho de nossos amados irmãos nenhum tropeço que atrapalhe, de alguma forma, seu crescimento espiritual, ou o enfraqueça, ou o escandalize, mas ajuda-lo em suas fraquezas, ama-lo incondicionalmente, como Cristo tem nos amado, e ajuda-lo a carregar o fardo da vida, até que cheguemos, todos juntos, ao glorioso Reino Celestial, à presença de Cristo, o Senhor e recompensador dos santos. Que jamais deixemos, amados, nenhum soldado ferido para trás. E que Deus nos ajude!
SOLI DEO GLÓRIA
Pr Alexandro Lopes
Pastor da Missão Evangélica Pentecostal do Brasil
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